sábado, novembro 26, 2005

Foi a mamãe, que eu sei.

“A cada mil lágrimas, sai um milagre” – Alice Ruiz

Do dia para a noite ele pareceu ter reunido todas as forças possíveis e tomado coragem para ir embora. Estava lá já havia tanto tempo, que não fazia mais sentido permanecer. Nada nessa vida permanece e não seria ele que tentaria ir contra a ordem natural das coisas. Então ele foi. Foi, foi, foi e está lá, indo, indo, indo. Menina-mulher ainda enxerga, mas tão pequeno, tão fraco, tão apagado… Ela nunca pensara que ele poderia morrer, mas consegue sentir que ele dá seus últimos suspiros.

Tudo isso depois de mil lágrimas durante a tarde e sorrisos durante a noite. Foi como se a alegria tivesse surgido como um presente dentro de uma caixinha enfeitada com laço rosa e feito todo o passado virar bobagem. Bobagens de primeiro amor. Tchau passado, você não me importuna mais.

Dentro da caixinha veio um balanço. Eles eram estranhos e balançaram ao som de vozes embriagadas. Gostaram daquilo e balançaram mais e a cabeça da menina-mulher ficou tão confusa que ela preferiu não pensar mais. Só queria sentir. E sentiu. De uma forma, de duas, de várias e de repente, não mais que de repente, vieram buscar o balanço com quem ela se divertia. Só deixaram a caixinha. E o laço rosa. Que ela amarrou no coração e saiu andando decidida a enfrentar a louca jornada da vida.

Virou pó.

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