Todo ser humano tem seu tanto de loucura, cada um é louco à sua maneira e não sei porque as pessoas ainda se importam se o seu semelhante é diferente. Porque as pessoas se assustam com o diferente. O garoto tem implantes de teflon por baixo da pele, se suspende por ganchos e cortou sua língua ao meio, tudo pela estética. E a dondoca de classe média que deseja se enquadrar aos padrões impostos, andar no carro do ano e freqüentar a balada mais irada da noite, olha para o moderno primitivo achando tudo aquilo um horror, loucura, “meu deus, ele deve ser internado”. Ela acha aquele garoto inteiro bizarro e doente, pensa na mãe do jovem, “coitada”, mas em sua alienação de viver no mundo material-padronizado-quero-ser-diferente-como-todo-mundo, se esqueceu dos tantos mililitros de silicone que ela tem no peito, do botox que mais faz com que pareça um sapo e dos milhões que gastou em plásticas e lipoaspirações para tentar parecer a Sheila Mello. Isso sim é normal. É normal querer ser igual a todas as popozudas da televisão, é normal se entupir de remédio pra emagrecer, é normal gastar todo seu salário em roupas no shopping que ela nunca vai usar. É normal. Um piercing sim é coisa de gente louca. Tatuagem é coisa da marginália. Cortar a pele com bisturi? Doença. Estética, queridos, estética. A diferença é que nem todo mundo deseja parecer um ET-Glória Menezes. Coitados dos modernos primitivos. - O que Freud acha disso? - Freud adorava se suspender por ganchos e sua língua cortada ao meio era seu maior motivo de orgulho.
Alguns jornalistas deveriam desistir da profissão não por incompetência técnica, mas pela falta de neurônios mesmo.