terça-feira, outubro 11, 2005

Jello Biafra viu toda aquela cena horrenda

Ela não estava lá quando os laços foram selados. Laços para sempre? Laços rosas, um amor muito do esquisito. Onde você aprendeu a amar assim? O amor devastador, amando a si mesmo, até o ponto em que explode. Um amor que suga energia e você se torna uma espécie de pára-raio, que dá choque. Eu ainda gostaria de entender esse teatro e suas personagens realeza-em-exílio e é como se todos estivessem no inferno de Dante. Porque de certa forma, nenhum deles se sente em paz. Tá lá, ela sabe que está lá, eu sei que está lá, alguma coisa sempre estará lá e nem toda a nossa dedicação poderá acabar com o que já foi escrito e depredado. Quando tudo o que podia ser foi amontoado e jogado no lixo. Quando tudo o que foi, o cheiro, as coisas, os pernilongos e prazeres da vida foram enxotados de dentro daquele quarto que abrigava todas as contradições, para dar espaço à vida limpa, a um futuro que ela teme que seja para sempre. Nunca e sempre nunca deixarão de ser sempre nunca e sempre e ela se pergunta como pôde deixar se enganar por um sorriso. Ela tinha certeza de que havia olhado nos fundos dos olhos do homem realeza, mas eu duvido disso. Ela olhou, mas quem está cego não enxerga. Foi o caso. Essa brincadeira de viver soa tão bonito no futuro, assim como nos livros. Eu sinto falta da minha sensibilidade. Enquanto a única coisa em que ela pensa é: seria ela Florentino Ariza? Eu não teria a menor paciência para ter uma vida como a dele, mas ela parece querer viver assim... O problema é que a gente não escolhe o que colhe, mas colhe o que planta.

Uma ri, a outra chora.
Uma sonha, a outra vive.
Uma sente a energia orgasmática, a outra a opressão dos novos tempos.
Uma conquista com o sorriso, a outra espanta com a lágrima.
Uma dança a dança do frenético, a outra dança ao ritmo da melancolia.
Uma voa, a outra cai como uma pedra dura.
Uma só ganha, a outra só perde.
Uma explode em alegria, a outra implode na amargura de si mesma.

Ela não quer um HQND. Parece fútil e idiota, mas ela não quer. Simplesmente não quer.

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