Pensando ainda sobre o significado das coisas e a crise da modernidade... Seu “bom dia” não quer dizer merda nenhuma. Não me dê bom dia, porque nunca mais terei um dia bom. Tudo automático. Automático como movimentar as pernas, que levam a sabe-se-lá-onde. Caminhar, caminhar, caminhar, que atividade... Ninguém nunca parou pra pensar sobre o ato de caminhar? Caminhar é libertação. Muito mais libertação do que o conhecimento. Livre e infeliz, preso e feliz. Horrível ter que fazer essa escolha. Eu já fiz a minha. Eu já fiz a minha e às vezes me pergunto até que ponto estou certa dela. Mas não importa, ela está feita e não há como voltar atrás. É tipo a morte: não tem volta. Morreu, morreu. E talvez a morte seja relativa, talvez nem vivamos nesse mundo que achamos que vivemos, talvez Jostein Gaarder esteja certo. Talvez Jostein Gaarder seja deus. Seja Absoluto. Ou não. Talvez Marx seja deus. Talvez os materialistas sejam deus, e eles não fazem a menor idéia dessa possibilidade. Imagine: um materialista deus? Eles nunca admitiriam. Eu queria ter conhecido Epicuro. Na verdade, me pergunto: porque a gente tem que ser feliz? Quem disse que isso é o bom? Talvez ser triste seja uma das melhores coisas da vida. Porra, pensa em tudo o que você pensa e faz quando está triste. A tristeza move o mundo! Estar triste significa pensar, estar triste significa sentir muito mais profundamente, estar triste significa... Foda-se o significado da tristeza, e foda-se a moral e os costumes e foda-se tudo aquilo que não é emancipador. Você falava de monstros que só você poderia ver. Agora eu vejo também, mesmo tendo te dado meus olhos para tomares conta. Talvez seja por isso, você tomando conta dos meus olhos, leva-os para onde você quiser e mostra-os o que você vê. Conta, conta, conta, então conta!!! Você sabe o que precisa me contar. E eu estou esperando a história começar. Tenho medo de ficar louca.